Quando Maria Aparecida Duarte Alvim liga para o filho Carlos Eduardo, a pergunta é sempre a mesma: “Filho, você está se alimentando bem?”. Essa pergunta é reflexo da preocupação de Maria Aparecida pelo filho que saiu de Barbacena para morar sozinho em Belo Horizonte, onde cursa a faculdade de jornalismo. “Tenho muito medo dele não estar almoçando e sim fazendo lanche, então eu procuro sempre saber da alimentação dele”, conta.
Segundo a nutricionista Elza Freire, um dos maiores problemas para os jovens que moram sem os pais é a má alimentação. Isso acontece, principalmente, devido à falta de tempo dos estudantes e a má orientação quanto ao consumo dos alimentos. “O maior problema é a falta de horário para se alimentar e também a qualidade e a escolha dos alimentos que eles fazem, pois são pouco nutritivos”, explica a nutricionista.
Na casa de Carlos Eduardo o miojo é o prato principal
Mesmo com toda a cobrança da mãe, Carlos Eduardo não esconde que às vezes tropeça quanto aos cuidados com a alimentação e se rende a alimentos prontos ou pula refeições durante o dia. O estudante conta que não tem habilidades na cozinha e isso acaba por influenciar a má alimentação. Quando tem a oportunidade de cozinhar, acaba optando por alimentos mais fáceis, como massas. “Macarrão sai muito lá em casa, porque é mais fácil de fazer. O mais tradicional mesmo, que é super rápido, é o miojo”, revela.
Diferente de Carlos Eduardo, o estudante Ricardo Mallaco, 20 anos, conta que adora cozinhar e vê o fato de morar sozinho como uma oportunidade de testar as habilidades na cozinha. “Quando eu morava com a minha família eu tinha pouco costume de cozinhar, porque minha mãe falava que ia sujar as coisas, que ia bagunçar a cozinha. Aqui, já que a cozinha é minha, eu bagunço”, diz. Ricardo saiu de Vitória, no Espírito Santo, para morar em Belo Horizonte, onde cursa a faculdade de jornalismo e mesmo gostando de cozinhar, afirma que enfrenta alguns problemas como a falta de tempo e de dinheiro para fazer comidas mais saudáveis. Além disso, Ricardo conta que sente falta, principalmente, da variedade de comidas que a mãe preparava quando ele morava no Espírito Santo, o que não acontece agora que mora sozinho. “Lá ela comprava carne melhor, algumas carnes mais nobres, comprava salmão, aqui eu não como porque se não eu gasto o dinheiro do mês todo só comprando salmão”, afirma.
Elza Freire afirma que a falta de cuidado com a alimentação pode gerar muitos problemas para esses jovens, como pressão alta, obesidade e problemas renais. A maioria dos alimentos preferidos pelos estudantes tem alto teor de corante, sódio, gordura trans e acidulante, como é o caso dos biscoitos recheados e sucos de pacotinho. Além disso, a nutricionista afirma que os chamados “alimentos prontos”, como lasanhas, pizzas e sanduíches e, principalmente, as frituras são totalmente prejudiciais, aumentando ainda mais os riscos para aquelas pessoas que não praticam nenhuma atividade física.
Para driblar os problemas que enfrentam na cozinha Carlos Eduardo e Ricardo sempre ligam para casa para pedir dicas para as mães. Outra solução encontrada pelos estudantes é trazer a comida pronta quando vão para casa nos finais de semana e deixá-la guardada no congelador.
Maria Aparecida sempre tenta ajudar o filho dando dicas de alimentos saudáveis e fáceis de fazer, mas a preocupação sempre continua. “Apesar dele não gostar de cozinhar, eu procuro ensinar a ele o que fazer. Dou dica pra ele fazer alguma coisa bem saudável, fazer um arroz, um feijão, uma salada, um bife, que são coisas fáceis de fazer e que ele vai ficar bem alimentado. Mando ele comer verdura, legumes. Ele fala que come, mas eu tenho as minhas dúvidas”, revela.
Bem melhor, heim?? Ainda assim, há mais personagens que mereciam tratamento multimidia :)
ResponderExcluirabs,